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Dentro de uma sala no Salão da Recepção de Garância, a expressão de Fernando era escura, enquanto estava deitado num sofá, sentindo-se fraco e tonto. A frente dele, Raul estava com as pernas estiradas em cima da pequena mesa central, confortavelmente comendo alguns petiscos que se assemelhavam a amendoins.
“S-senhor Raul, eu realmente não estou bem…” O jovem Tenente falou, respirando pesadamente, enquanto todo seu corpo tremia, sentindo um frio extremo, ao mesmo tempo, algumas partes de seu corpo estavam lentamente perdendo a sensibilidade. Tudo isso era devido ao veneno infligido nele pelos assassinos.
“Para de drama garoto, parece até que tá morrendo.” O Capitão disse, aborrecido.
Eu tô literalmente morrendo! Fernando pensou, irritado, já não conseguindo reunir forças nem para falar.
Ele estava agradecido pelo sujeito tê-lo ajudado a lidar com aquelas pessoas, mas após isso o mesmo havia o arrastado para esse lugar e o largado ali, sem tomar qualquer providência para ajudá-lo com o envenenamento.
É assim que vou morrer? Maldito Urso Tirânico! pensou, xingando mentalmente seu antigo mentor por seu descaso, finalmente entendendo porque Gallia tinha tanta raiva do sujeito.
Enquanto o jovem Tenente estava beirando entre se manter consciente e apagar, uma pessoa entrou na sala.
“O que diabos aconteceu?!” Dimitri entrou, gritando, atrás dele, vários Magos com insígnias brancas, indicando que faziam parte do corpo médico.
“Oh! Finalmente. Ele tá bem ali.” Raul informou, apontando para o rapaz.
O semblante do General mudou ao ver Fernando em um péssimo estado, cheio de ferimentos. O rapaz, que já era naturalmente pálido, parecia um fantasma nesse momento.
“Apressem-se, cuidem do Tenente!” ordenou, num tom de voz alto.
Em pouco tempo, os Magos de Cura se moveram, chegando ao lado do rapaz. Logo identificaram o tipo de veneno que percorria seu corpo e começaram a aplicar Poções Desintoxicantes.
Durante todo o processo, Raul se manteve calmo e inerte, relaxando no pequeno sofá.
“Droga, meu lanche acabou.” reclamou, sem se importar com o que acontecia ao seu redor.
Dimitri olhou para o homem com a testa franzida. Se não fosse pelo fato do sujeito ser originalmente de Vento Amarelo, já teria o expulsado da sala. No entanto, o General prosseguiu em silêncio observando atentamente todo o tratamento.
Fernando, que parecia estar prestes a desmaiar, recobrou seus sentidos quando os efeitos das Poções Desintoxicantes começaram a agir, junto aos Magos, que usaram seu mana para varrer o veneno de sua corrente sanguínea.
O jovem Tenente, mesmo semi-incapacitado, espreitou as ações dos Magos em seu corpo com atenção, ficando impressionado com a forma com a qual eles usavam o mana como uma espécie de cateter imaterial, que percorria suas Veias de Mana e vasos sanguíneos, captando e eliminando o veneno junto a poção.
Devido ao seu estado, não se atentou a quem eram os Magos, mas dentre eles, logo reconheceu um. Era Sanjo Samal, o Mago de Cura Avançado que havia tratado do Major Silvester anteriormente.
“Está acordado?” Sanjo perguntou, olhando-o nos olhos. “Não esperava reencontrar você numa situação como essa…” O Mago de Cura disse, fazia poucos dias que ele havia ido visitar o rapaz para se desculpar por suas ações durante a batalha.
Devido ao seu bom trabalho anteriormente, junto a uma indicação pessoal de Fernando, Sanjo foi reconhecido por Dimitri, então o mesmo fez uma proposta para este fazer parte de suas tropas de forma permanente.
Inicialmente Sanjo não estava interessado, afinal ele servia ao corpo médico do General Herin. Entretanto, após incessantes propostas generosas, somado as ações de Herin na Batalha, o Mago acabou se rendendo e aceitando, transferindo-se junto a alguns de seus melhores subordinados que ele havia treinado. Além disso, servindo sobre Dimitri, teria mais oportunidades de interagir com o Tenente e talvez até o tornar seu aprendiz no futuro.
Obviamente isso gerou um desconforto entre os dois Generais, afinal era antiético roubar subordinados de outras pessoas, mas Dimitri parecia não se importar, afinal a relação entre os dois havia azedado há muito tempo.
Fernando, mesmo com seu corpo ainda mole e fraco, assentiu a pergunta do Mago de Cura.
“Parece que posso finalmente retribuí-lo de forma adequada.” O homem careca de meia-idade falou, com confiança. “Mas realmente não esperava por isso…” O sujeito comentou, enquanto usava seu mana para sentir o corpo do Tenente do Batalhão Zero.
Quanto mais examinava o jovem, mais se sentia assustado e espantado. Não só os Canais de Mana do mesmo eram excepcionais, como suas Veias de Mana eram extremamente estranhas, com incontáveis e complexas ramificações, ele nunca tinha visto nada como aquilo em toda sua vida como Mago de Cura. Entretanto, o que mais o deixava abismado era a estranha sensação fria do mana que percorria suas veias, assim como sua qualidade.
Isso realmente é o mana de um Tenente? perguntou-se, sem acreditar. Ele não tinha certeza do que estava acontecendo, já que nunca havia visto precedentes.
Ao lado, dois Magos de Cura Intermediários tinham expressões perplexas. Suor escorria de seus rostos enquanto usavam seu mana para auxiliar Sanjo.
Fernando obviamente notou a estranheza em seus rostos e imaginou que a situação não era boa para ele. Se informações sobre suas Veias de Mana ou do seu mana natural alterado pela Pedra de Mana se espalhassem para a Legião, isso poderia atrair uma atenção desnecessária que não era de seu interesse. Afinal, ele tinha simplesmente muitos segredos perigosos consigo.
Tanto Raul, quanto Dimitri, também notaram a forma de agir esquisita dos Magos. Raul, em especial, não parecia contente com isso, afinal ele próprio tinha noção da questão envolvendo as Veias de Mana Expandidas.
“Eles são realmente confiáveis?” O Capitão perguntou de forma descarada, com alguma suspeita.
Sanjo, que estava terminando, assentiu.
“São meus assistentes, não há ninguém mais confiável que eles. Tenham certeza, nada do que vimos ou fizemos aqui, vai sair dessa sala.” garantiu, com firmeza.
Os dois Magos, com algum nervosismo, por estarem diante de um General e um Capitão, ficaram ainda mais tensos após o questionamento de Raul.
Dimitri observou isso com um olhar estranho. Há muito tempo ele vinha se questionando sobre como esse rapaz teria crescido tão rápido.
Após a cerimônia de premiação dos recrutas pela missão de caça aos Goblins em Vento Amarelo e após isso com o caso do filhote de Obscuro e da batalha das Guarnições, Kalfas havia repetidamente falado sobre Fernando, e também sobre como ele chamava tanta atenção, apesar de sua baixa Compatibilidade.
Então quando Raul pediu por Magos confiáveis, somado a como todos ali, incluindo o Capitão, estavam agindo e seu registro de Compatibilidade baixa do passado, ficou evidente que havia algum tipo de segredo no corpo do rapaz que não deveria chegar a ouvidos errados. Isso imediatamente fez seu interesse ser picado, fazendo-o decidir ter uma conversa com o Mago depois.
Quando finalmente terminaram de desintoxicar o veneno, Sanjo Samal levantou-se.
“Isso deve ser suficiente. Felizmente não era um veneno muito letal, mas um que focava em incapacitar as vítimas atingidas. Ainda há alguns vestígios em seu sangue, mas o próprio corpo do Tenente deve ser capaz de eliminá-lo com o tempo.” afirmou, com confiança.
Dimitri assentiu ao ouvir isso.
“Muito bem, vocês podem sair.” O General pediu, enquanto gesticulava, para se apressarem.
Tanto Sanjo, quanto os dois Magos Intermediários, rapidamente obedeceram, preparando-se para sair, contudo, antes que saíssem, as palavras do velho homem soaram em suas costas.
“Acredito que não preciso dizer isso, mas se qualquer boato estranho circular por aí… Eu sei quais cabeças devo buscar.”
Sanjo, como um veterano, não parecia intimidado. Tendo lidado com muitos Majores e Generais ao longo do tempo, estava familiarizado com esse tipo de atitude intimidadora. Porém, ao contrário dele, seus dois subordinados estavam tensos, com rostos brancos. Então, sem dizer uma palavra mais, o Mago liderou os outros dois para fora.
Com apenas os três na sala, a feição de Dimitri relaxou.
“O que exatamente aconteceu, Tenente, quero explicações detalhadas!” questionou, enquanto caminhava em direção ao centro da sala com as mãos nas costas.
Ouvindo isso, Fernando, que ainda estava um pouco pálido e suado, assentiu, começando a contar tudo que havia acontecido.
Ele mencionou sobre o conflito que houve em Belai, falando sobre como a Família Lopes estava por trás da Guilda Fúria e que agora buscavam retaliação pelo extermínio de um de seus braços dentro da legião.
“Aqueles filhos da puta realmente ousaram tocar um Tenente dos Leões Dourados dentro do nosso próprio território! E ainda num fronte de guerra! Com certeza são corajosos!” berrou, furioso.
Como um membro da facção de Wayne e aquele que havia sido um dos principais responsáveis por quebrar o cerco e salvar Belai, obviamente Dimitri recebeu informações do General Telles sobre aqueles por trás da Guilda Fúria antes do tribunal militar que o jovem Tenente foi submetido na época.
“Hahahaha, você nunca deixa de me surpreender moleque. Eu ouvi sobre você ter destruído uma Guilda depois que deixei Belai, mas não imaginei que você realmente iria provocar gente tão perigosa.” Raul disse, rindo. Mesmo que fosse algo tão problemático, ele parecia satisfeito com as ações do rapaz.
Fernando tinha uma expressão complicada, não havendo nem mesmo o que dizer para se defender. Ele havia, de fato, destruído essa Guilda e matado Kifon, mas só fez isso porque haviam mexido com seu pessoal primeiro! Ele não imaginava que existia uma organização tão complicada por trás dela. Mas, mesmo que soubesse, sentiu que teria agido da mesma forma.
“Vamos tomar algumas ações a partir de agora, mas se estamos lidando mesmo com a Família Lopes, há pouco que podemos fazer, eles não são o tipo de gente que podemos nos dar ao luxo de se meter.” Dimitri falou, admitindo que era um assunto mais complicado do que gostaria.
Como não era uma organização reconhecida pelo Conselho Superior, agindo principalmente nas sombras e no submundo de Avalon, não existiam cálculos exatos da força que detinham, mas o setor de inteligência da Cidade Dourada estimava que em termos de poder, a Família Lopes poderia ser considerada equivalente ou até acima a uma Legião de Médio porte. Então, a menos que tivessem o apoio total dos Leões Dourados, seria difícil agir ativamente contra eles.
“Felizmente, ninguém importante parece estar atrás de sua vida, se estivessem, jamais teriam mandado alguém tão fraco.” O General concluiu.
Como uma organização poderosa e influente, se os Lopes realmente quisessem, poderiam se livrar até mesmo de um General como ele, quanto mais um pequeno Tenente desconhecido, não sendo realmente necessário esperarem uma boa oportunidade para só então agirem.
“Enfim, mudando de assunto, o que faz em Garância? Pensei que você fosse montar suas próprias forças.” Dimitri questionou, olhando para Raul. “Se está aqui, já deve saber a verdade sobre as informações a respeito de Vento Amarelo.”
O sorriso no rosto do Capitão diminuiu com o questionamento do velho homem. Por mais que aparentasse ser alguém que não se importava com nada, na verdade, tinha suas próprias convicções. Como subordinado de Viktor Yudin e um membro importante de Vento Amarelo, ele, obviamente, não havia desistido de retomar a cidade.
“Sim, eu ouvi sobre isso. A Cidade Dourada não tem intenções de movimentar tropas para o Norte no momento, então criaram alguns rumores falsos sobre Vento Amarelo e outras cidades do norte, para justificar sua falta de ações… Um bando de merdas como sempre.” disse, se espreguiçando no sofá.
Normalmente, falar algo como isso na frente de um General seria uma afronta grave, mas Raul não parecia preocupado e o próprio Dimitri também não o repreendeu, mostrando que compartilhava do sentimento.
“Depois que sai de Belai, busquei apoio de alguns conhecidos e fiz algumas missões na região, para expandir minhas forças. Mas como não consegui obter muito e como a cidade estava recebendo muitas pessoas e missões, acabei voltando a Belai, e como não poderia ficar muito tempo agindo de forma autônoma, tive que temporariamente me submeter ao General Telles. Pretendia continuar lá por um tempo, até ter alguma confiança em aplicar para uma Missão de Trucidação.”
“Você quer montar uma Brigada Nomeada?” O jovem Tenente perguntou, sem palavras.
Raul assentiu, com um sorriso fraco.
“Era a minha intenção originalmente, mas com a força que eu tenho agora e o nível das minhas tropas, é um pouco difícil…” Raul falou, não querendo admitir sua incapacidade. Ao mesmo tempo, estava contente pelo rapaz finalmente estar se atentando a detalhes como esse.
Ouvindo essas palavras, Fernando ficou surpreso. Anteriormente ele havia ouvido que Heitor, um Capitão jovem e sem muita experiência, já tinha convicção suficiente para se aplicar para a missão de promoção, que elevaria a posição de sua Brigada de comum para Nomeada, mas mesmo assim, o próprio Raul, o Urso Tirânico, não tinha confiança de conseguir?
Isso o fez pensar em quão grande eram as diferenças entre alguém treinado na Academia dos Leões Dourados e alguém que ascendeu da base do exército.
“Huh, se é isso, qual o significado de vir até mim? Recebi a pouco um informe de Telles sobre sua transferência para minhas forças. Quais são suas intenções, Capitão Raul?” O General voltou a questionar, o olhando de forma intimidadora, enquanto emanava seu mana por toda a sala, fazendo todo o local ficar frio.
Mesmo que Raul fosse de Vento Amarelo, sendo extremamente capaz e o único dos Tenentes das treze Guarnições que ainda estava vivo, conseguindo até mesmo uma promoção, Dimitri ainda queria compreender suas intenções.
Por mais que estivesse desesperado por mão de obra capaz, não poderia aceitar qualquer um em suas fileiras, principalmente se seus objetivos não estivessem alinhados ou se sua lealdade fosse questionável.
Inicialmente, ele dispensou Raul e suas tropas, por acreditar que o General Supremo Dimas iria visá-lo após sua nomeação forçada a General, impossibilitando-os de retornar a Vento Amarelo. Sendo assim, planejava dar uma chance a eles e enviar o máximo possível de seu pessoal de volta para casa. Mesmo que houvesse muitas especulações na época e inquietação nas fronteiras, nunca imaginou que os Elfos Negros iriam realmente invadir o Norte num momento como esse.
No fim, com exceção de Raul e suas tropas, a maioria dos que vieram de Vento Amarelo permaneceram ao seu lado, recusando-se abandoná-lo em plena campanha.
“Sabes bem o porquê, General Dimitri. Você é o único bastião de esperança para retomarmos Vento Amarelo. Dependendo de sua influência nessa guerra, podemos ou não ter uma chance de conseguir votos no Conselho Dourado para uma campanha ao Norte, então a coisa mais sensata era vir até aqui.” Raul explicou, cruzando os braços e estalando o pescoço, em desconforto.
Ouvindo isso, Dimitri se tranquilizou um pouco, assim como ele e Fernando e alguns dos outros membros de Vento Amarelo, o sujeito não havia esquecido suas raízes!
“Mas esse não foi realmente o único motivo, mesmo que eu venha me unir as suas forças, não havia razão para pressa, afinal estamos num cessar-fogo com os Orcs… O principal motivo que me trouxe aqui, foi esse carinha.” confessou, olhando para Fernando.
O jovem Tenente foi pego de surpresa.
“Eu?” perguntou, com uma expressão estranha em seu rosto.
Mesmo que ele e Raul tivessem sido aluno e mentor no passado, desde que o sujeito partiu de Belai, havia deixado claro que não o protegeria mais.
Ao contrário do próprio Fernando, Dimitri não estava surpreso com isso, afinal, as pessoas que haviam descoberto esse pequeno monstro eram, originalmente, as pessoas da Décima Terceira. Com certeza, alguém como Raul sabia o real valor do rapaz.
Com uma rara expressão séria em seu rosto, Raul olhou para o jovem Tenente, encarando-o.
“Moleque, o que exatamente você fez de tão grave para conseguir provocar Kaisar, o Cavaleiro da Presa Voraz?”
Quando essas palavras foram ditas, a face de Dimitri ficou pálida, quando suas pernas quase falharam.